sábado, 5 de dezembro de 2009

R.S.V.P.



De: Alguém Sem Noção
[mailto:alguemsemnocao@mundodossemnocao.com.br]
Enviada em: quinta-feira, 30 de julho de 2009 17:02
Para: A Vítima
[mailto:avitima@associacaodasvitimasindefesas.com.br]
Assunto: RES: convite!

(Para contextualizar um pouco a primeira coisa a ser feita é prestar atenção no assunto do e-mail. Notaram? É isso mesmo! O e-mail se refere a um convite da Vítima para o Sr. Sem Noção, o intuito era proporcionar um pouco de diversão ao casal, uma vez que iriam a um aniversário badalado da amiga dela. O desfecho? Leiam e tirem as suas próprias conclusões).

Legenda:
  • Em azul o e-mail do Sr. Sem Noção
  • Em vermelho os pensamentos da Vítima durante a preciosa leitura
Entendi...

Mas eu tinha que te falar uma coisa... não sei se é viagem minha, mas fico preocupado, sabe... (Não, não sei, você ainda não disse!)


A cada dia que passa eu te admiro mais e vejo o tanto que você é uma pessoa especial (que legal, fiquei muito feliz com esse comentário, muito bom saber que você pensa assim, mas você está preocupado com isso?). E não estou falando da boca para fora não.. é de verdade mesmo... (eu acredito). Acho que email não é o meio mais apropriado (então porque raio está mandando um?), mas esses últimos dias eu não consigo conversar nem com minha mãe direito... (que triste, não sabia que a comunicação entre vocês era dífícil).

O problema é que eu estou super ocupado de verdade... (percebi assim que vi o tamanho do e-mail) e acho que não estou te dando a atenção que você merece (ôpa, tá ficando esquisito esse e-mail, como assim "a atenção que eu mereço"? Tá achando por mim agora? Conselho: faz isso não, amigo!)... Além do mais, confesso que fiquei um pouco com medo do ritmo que as coisas estavam andando... (engraçado, medo? Não percebi, não achei que você tivesse com medo quando arrumou meu telefone Deus sabe com quem, quando me ligou várias vezes, quando me mandou mais de cem mensagens de texto- não é exagero -, vários e-mails, quando jantamos, almoçamos e tomamos café da manhã, quando você passava sextas, sábados, domingos e feriados comigo, isso sem contar os dias de semana. E muito menos pensei que você estivesse com medo quando me apresentou seus pais, irmãos, amigos de infância e o seu cachorro. Se isso é medo, não consigo encontrar material correspondente para qualificar a palavra coragem).

Você é uma mulher linda, super inteligente, bem humorada, amiga, culta... (ufa! Ainda bem que eu sou tudo isso e agora faço o que, agradeço?) E eu nunca gostaria de levar uma relação com alguém assim sem ter, no mínimo, algum tipo de comprometimento... (engraçado e você gostaria de levar uma relação compremetido com alguém feia, burra, mal humorada, chata e bitolada?) Aí fiquei um pouco apreensivo... muito por causa do contexto em que estamos (estamos? Pensando por mim de novo, já disse, não faz isso)... eu principalmente... provavelmente você também... terminamos namoros tem pouco tempo, etc. E começar uma coisa emendada na outra é sempre perigoso...(perigoso? Perigoso é esse e-mail).

Não sei se estou falando muita bobagem (se você não sabe imagine eu, até agora só os elogios ficaram claros), mas para mim as coisas estão tomando um rumo que não sei se é o melhor para a gente no momento (acho que isso é patológico, pensar pelos outros se qualifica como mania ou doença?) Eu sou péssimo para essas coisas de relacionamento (quanto poder de avaliação, já deu para perceber que você é péssimo)... rs... é verdade (eu não duvido, juro!)... E eu não estou em um momento muito bom para me dedicar aos outros... tenho que tomar algumas decisões importantes e prefiro ficar mais só quando estou nesses momentos de mau humor (acredite: meu humor está pior que o seu agora).
A questão é mais a seguinte (você vai conseguir ser ainda mais específico?): Gosto muito de você e te acho uma cia incrível... Acho que a gente se entende, gosta de coisas parecidas... me divirto muito quando a gente fica junto... Acho que a gente ri até das situações, digamos, embaraçosas (ainda bem que eu sou praticamente o Bozo da sua vida, isso me conforta bastante, é sempre bom ser útil)... Além disso, eu não gosto de gandaia... não tenho paciência para essas festas, e não é isso que me inspira quando estou sozinho... (você sofre de alguma doença grave?).

Mas estou com medo de aprofundar as coisas e entrar em algo que não vou conseguir manter, principalmente agora, por uma série de fatores... Assim, não sei qual a melhor forma de comportar (não sabe? Ainda não sabe? Eu vou fazer um desenho bem bonitinho para você entender. Mas pode ter certeza de uma coisa: essa não é a melhor forma).

Não queria deixar uma má imagem ou algo parecido (Tadinho, sinto te desapontar, a imagem tá péssima, bem negra!)... Estou tentando ser um pouco sincero (Ainda bem que foi só um pouco, dispenso o muito, tá?) e posso até estar falando um tanto de bobagens (não sei por qual motivo você insiste em continuar falando)... até porque não sei muito bem o que você pensa a respeito disso tudo...(acho melhor você não saber).

Acima de tudo, você é uma gracinha que eu valorizo demais (não vou nem tentar dimensionar o tamanho do valor, não iria muito longe) e não gostaria de fazer nada que de alguma forma possa te magoar...(sinto te desapontar mas o objetivo não foi alcançado. Agora se algum dia você quiser me magoar de verdade manda um telegrama).

Bem, é mais ou menos isso... (mais ou menos? Mais claro do que isso só água).

Um beijo bem grande! (este eu devolvo e espero que ele ache rapidinho o lugar para o qual eu o enviei).

FIM.
Espero que tenham apreciado a leitura.
Mas fica uma pergunta: alguém tem dúvida que estamos na Era da Tecnologia?

3 comentários:

  1. Eu não sabia que ia ficar tão bom... adorei!
    Beijosss

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  2. Hilário, e corretíssimo. Lembro do tempo em que não existia computador nem celular. Quando queríamos falar com alguém íamos à casa da pessoa, avisando antes, lógico, e se conversava ao vivo e em cores. Hoje em dia, é tanta Tecnologia que as relações pessoais diminuiram muito. Hoje se acabam namoros por SMS ou e-mails. Há pessoas que fazem do celular uma extensão da mão (não param de usá-lo), e se desesperam se o esqueceram em algum lugar.
    Lógico que, como tudo tem seu lado bom e ruim. Que bom termos a Internet para nos comunicarmos com pessoas queridas e indispensáveis que estão distantes. Mas, não gosto dos exageros.

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