sexta-feira, 12 de junho de 2009

Acordos


Semana de intensas pesquisas, tanto teóricas quanto práticas.

Estive pensando em escrever realmente sobre esse mundo indecifrável dos relacionamentos. Se existe uma fórmula para compreender tudo isso e evitar todo esse jogo de confusões intermináveis quem criou guardou para si e está fazendo uso disso sozinho. Quanto à nós, meros mortais, estamos fadados a entender ou pelo menos tentar conhecer um pouco do sexto oposto (se não fizer isso pode se considerar fora da corrida). É imprescindível, para não ser atropelado ou não queimar a largada, ter ao menos o manual de instruções básico. Aquele que tem em média, dependendo do caso, umas 20 regrinhas de sobrevivência. Para os mais desesperados, como no meu caso, recomendaria ler todo o manual com suas 247 páginas quase que incompreensíveis e mais: tentar compreendê-lo nas outras línguas. Afinal, mandarim está tão em alta.

Enfim, em meio a workshops com amigos de todas as cores, experiências, raças, opções sexuais e idades eu continuo sem entender o propósito das relações. Talvez fazer com que as pessoas se sintam cada vez mais enroladas e menos confiantes? Dúvida que ronda a minha cabeça há um certo tempo.

Milhares e milhares de mulheres, inclusive as minhas amigas, reclamam todos os dias das mesmas coisas. Ligam e pedem conselhos, como se eu fosse um guru dos relacionamentos, mas até hoje eu só me pergunto: “em que parte da minha vida meus relacionamentos funcionaram para que eu possa estar falando deles como verdades absolutas?”. Seria um bônus pelas experiências vividas? Então é isso, quem tem a chance de conhecer os mais diversos tipos de seres humanos do sexo masculino, pode dar mais conselhos com segurança? E os meus “pitis” inseguros, o que eu faço com eles? E as minhas noites e conversas com amigas “teorizando” a respeito do tema? Mas as pessoas escutam e simplesmente, se não as satisfaz, preferem não dar ouvidos? Pode-se aconselhar apenas por ter experimentado os mais diversos tipos de fim: desaparecimentos, desinteresses, traições, ciúmes, fugas, mágoas causadas por estresse e rotina, até gostar demais é motivo para terminar. Então eu pergunto: em que momento as relações chegam num ponto tão incompreensível que gostar demais torna-se um problema? Em que momento eu me tornei experiente apenas por ter derramado inúmeras lágrimas no meu fiel e companheiro amigo de todas as noites, meu travesseiro, até não conseguir mais chorar? As experiências devem ser válidas para que lições possam ser extraídas, mas até que ponto o que você aprendeu interfere negativamente na sua vida amorosa atual? E até que ponto o homem que “te ama” vai aceitar que você tenha se tornado uma rocha impenetrável e fria só porque os outros te magoaram? Se alguém souber as respostas, por favor, me mande um e-mail.

Mas não é assim tão simples, homens seguem um padrão e mulheres outro, normalmente chegam ao mesmo ponto, mas por caminhos completamente diferentes. Homens são mais práticos e tendem a não demonstrar tanto os sentimentos, por mais que os sintam. Já as mulheres são um pouco mais detalhistas e ainda têm, mesmo que um pouco, aquela idéia romântica de um final, ao menos, satisfatório. Ou melhor, de um não final. Isso complica um pouco as coisas, pelo menos no meu ponto de vista. Surge uma certa incompreensão e incompatibilidade nos objetivos. Mas será que as mulheres de hoje em dia, tão seguras, maduras e independentes, perdem um pouco do seu brilho e do seu valor apenas por uma titubeada?Devem ser sempre fortes? Mas achei que fingir não estava no script, levando em consideração que nem sempre nos sentimos fortes. Que muitas vezes precisamos apenas ser ouvidas e que isso não é discutir a relação e sim discutir o que nós somos. É o momento em que ficamos inseguras com nós mesmas e queremos apenas do parceiro aquele ombro amigo e que nos digam que somos maravilhosas. Afinal, é aí que o bicho pega para a gente, mas em nenhum momento vejo as mulheres importando-se em estimularem seus parceiros e mostrarem a eles que são os seus “Deuses do Sexo”, então esta prática deveria ser uma troca de favores.

Por vezes, teoriza-se tanto, tentando entender as situações mais complexas e elas continuam sem serem compreendidas. O ideal seria fazer um acordo de pré-relacionamentos, para garantir não descumprimentos posteriores. Acordos verbais já estão mais do que provados como sendo ultrapassados. Estamos na era da tecnologia e do desenvolvimento, casais não devem só fazer pactos pré-nupciais apenas para preservar bens matérias, esquecendo de levar em consideração que os bens emocionais, muitas vezes são mais valiosos e os danos causados à eles podem não ser reparados. Então deveria ser instituído um contrato pré-envolvimento, onde as partes tivessem a obrigação de serem sinceras e colocassem em pauta tudo o que desejam para o relacionamento logo de cara, sem meias palavras. E assim, com ambas de acordo, o contrato poderia ser assinado e o relacionamento seguiria em frente. Isso garantiria o sucesso do acordo, mas e o romance, onde é que fica mesmo?