quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A outra face de Murphy


Sempre escutei falar da tal "lei de Murphy", as tais situações inesperadas e que normalmente carregam um monte de porcaria junto.
É o pão que cai com a parte da manteiga virada para baixo, é você estar atrasada e o botão da blusa estourar, é bater numa entrevista de emprego no lugar errado, é estacionar o carro e não fazer a menor idéia de onde o deixou, é estar esperando embaixo do prédio -depois de um dia de chuva- e vir um carro e molhar a sua roupa inteira com aquela água nojenta da poça, é esperar duzentas situações para encontrar o seu ex, linda como uma diva e cruzar com ele saindo da academia, suada, com uma roupa que não favorece nem de longe o seu físico, o cabelo em picos (norte-sul-leste-oeste) e a cara vermelha.
Pois é, é sempre assim, batata! É você não poder, de jeito nenhum, passar por determinada situação para se deparar com ela. Não importa se renovou o arsenal de roupas, maquiagens, lingeries e todos os apetrechos femininos que saem mensalmente nas revistas in, você pode ter saido de casa por duzentos longos dias de uma maneira que até Gisele bateria palmas, sentia orgulho de você mesma todas as vezes que se olhava no espelho e pensava "hoje eu estou linda, me superei, é o dia", daí você voltava para casa e nada acontecia. Eu te entendo, Querida! De verdade.
Mas um dia você chega super cansada do trabalho e pensa que nem que baixassem um decreto-lei iria para academia disfarçada de modelo famosa, daí resolve colocar o seu tênis velho, aquela roupa feia, mas deliciosa para malhar, estufa o peito e vai. No caminho procura ignorar os avisos das suas amigas de que vocês moram muito perto e que quando menos esperar vai acabar esbarrando com ele, no lugar disso você se conforta com o pensamento de que seria muito mais lógico que se encontrassem nos lugares que costumavam frequentar.
Mas Murphy acordou com vontade de fazer uma vítima e te encontrou por ali, perambulando, tão vulnerável, saindo da academia, bufando, suada, o rosto de um vermelho sangue que nem a São Silvestre seria capaz de te proporcionar e, de repente, você sai dos seus pensamentos por acreditar ter escutado seu nome em algum lugar, a realidade vai vindo aos poucos (seus neurônios estão dando saltos kamikazes na sua cabeça depois de tanta malhação, eles se recusam a pensar) e como se tivesse levado um tapa na cara a voz é claramente associada à tão temida pessoa: é ele!
Naqueles preciosos segundos você faz uma lista das desculpas para ser apanhada daquela maneira, são poucas, mas mesmo assim você tenta:
1- sair correndo desvairadamente e dar de cara com o primeiro poste (depois você ganha mais tempo para explicar essa atitude);
2- desmaiar por hipóxia (não seria tanta encenação assim);
3- dar uma rasteira no primeiro transeunte que aparecer e simular que ele está tendo um ataque cardíaco e que você, bravamente, está tentando salvar (pra mim é a melhor de todas);
4- sorrir e falar que estava malhando (embora honesta, péssima opção).
O problema é que normalmente você vira e fala que estava malhando. O segundo passo é aquela conversa amigável, com o olhar dele passeando sob você, enquanto se tenta, bravamente, esconder o que pode. O terceiro passo, que seria o abraço fraterno, não pôde ser concluído, uma vez que você sugeriu, com o mínimo de dignidade que ainda exisita, que não seria uma boa idéia e antes que você consiga terminar a frase ele tenta fazer uma menção de que entende que ainda esteja magoada e que, por isso, não quer dar o tal abraço, mas você se agarra no último fio que resta e fala que não teria o menor problema (dando um tom mais estridente do que o necessário à voz) e que é por estar suada (nessa hora você tem certeza que ele não acreditou em uma vírgula do que foi dito, embora tenha sido a mais pura verdade).
Daí você chega em casa e pensa na falta de sorte, nos seus anjos da guarda de férias num balneário chique no céu, no cosmos e simplesmente não entende. Até que se dá conta de que só poderia ter sido ele: Murphy.
Todas as teorias e milhares de histórias absurdas que eu conheço só me fazem pensar uma coisa: o lado B de Murphy é um ser do mal. Não apenas aquela força que atrapalha um pouco o seu dia e que depois até te faz rir, mas aquela força que arrasa com tudo o que vê pela frente.
Meu conselho é: não contrariem as forças ocultas de Murphy, nunca se sabe do que ele é capaz. A partir de hoje declaro aberta a temporada das maxibolsas, aquelas que a gente praticamente mora dentro, onde podemos levar todo o kit necessário para estarmos deusas e adequadas a qualquer hora do dia e, principalmente, da noite. Já que é impossível prever o dia de amanhã e muito menos a hora exata em que vamos virar a esquina e dar de cara com o inesperado. Então é como diz o ditado: "uma mulher previnida vale por duas". Agora é torcer para o salto não quebrar.

4 comentários:

  1. Amiga quer saber o PIOR de tudo? Com toda CERTEZA o salto VAI quebrar!!! kakakakak Amei o texto.... parabens pelo blog!!!! Bjos lindeza!

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  2. Se o salto não quebrar, não comemore.... seu soutien ou a etiqueta da calcinha estão aparecendo! Pode saber!!!!

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  3. Olha quem eu encontro por aqui!!! Saudades de voce minha rouquinha!!! bjo. Adorei o blog.

    visita o meu agora. www.aprancheta.com na coluna Café com Cigarro.

    Bjo.

    Rick Monteiro.

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  4. Faz é tempo q eu li esse texto, comentei contigo ao vivo e disse q ia comentar aqui tb e acabei esquecendo.
    O fato é q me lembrei hj, infelizmente. Digo infelizmente pq o q me fez lembrar de vir aqui foi a cena patética de hj de manhã.
    Está a pessoa com rabo de cavalo (com direito àqueles cabelinhos pequenininhos q ficam assanhados ao redor da testa), óculos de grau, pele oleosa e roupa de casa, parada na esquina do prédio. Quando surge um ser dando um tchauzinho animadíssimo com o carro parado no trânsito, bem na sua frente.
    Nessas horas o q a pesssoa pode fazer senão devolver o tchau acompanhado de um sorriso amarelo (torcendo pro sinal abrir e o carro ir embora rápido)?
    Afe. Morte.

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